Galenas ...as radio dos tesos
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Galenas ...as radio dos tesos
NAQUELE TEMPO ....... por Prof.Martinho
Naquele Tempo……..
Naquele tempo ,isto é nos anos 48-50,os estudantes em Coimbra andavam num alto desassossego científico. As galenas vendidas pelo Zé Correia,electricista estabelecido na rua Antero do Quental estavam exposta na montra com um significativo cartaz que anunciava : Estas galenas captam a BBC em Londres.
A escuta do emissor regional da Emissora Nacional instalado em Montes
Claros ,um ponto alto da cidade, constituía um escape ao
condicionamento imposto pelo toque da cabra que às l8 horas batia as 6
badaladas do alto da torre da universidade lembrando o cumprimento da
praxe e avisando caloiros, bichos e semiputos que deviam recolher a
casa para se livrarem das troupes
entre as quais ficou célebre a do Calado que sempre que podia rapava os
mais descuidados fazendo na cabeleira um ridículo e largo risco ao meio
que dava um aspecto psicodesintrabinquadrilhado ao apanhado.
Esta imposição que nada tinha a ver com a barbárie que se instalou na maioria das escolas do nosso país era rigorosamente controlada pelo dux veteranorum ,verdade seja dita,um bom substituto do poder paternal que por razões óbvias estava arredado do percurso diário de cada estudante.
A proverbial penúria que então era uma constante na vida académica ( só de vez em quando é que se ia ver uma cowboiada ao cine teatro Sousa Bastos) foi um factor limitativo de extravagâncias e ao mesmo tempo a causa
da
valorização das galenas do Zé Correia visto estas serem uma válvula de
escape para o tédio acumulado na leitura das sebentas ,manuais e
códices.
Daí que arranjar os cem paus para adquirir um aparato desses era ,por si só, um sacrifício que valia a pena fazer…..
Lá foram muitos sujeitar-se aos comentários escarninhos do Correia,largando a massa em troca duma cuidada embalagem e dos judiciosos conselhos técnicos :
-Ó doutor ligue ao borne da antena o colchão de arame da cama e à terra o cano da água…! Não troque as ligações…!
Pois
este vosso criado, constituindo um triunvirato com o Martins de
Carvalho ,estudante dos preparatórios de engenharia e com o Pires das
Neves, aluno da escola industrial Brotero também foi à oficina do Zé Correia tendo os mesmos por acólitos.
Adquirido o aparato lá fomos parar a uma república, onde perante a curiosidade e os dixotes de vários repúblicos procedemos
à montagem da galena. Era esta constituída por uma bobina com cursor,um
condensador variável e um detector de sulfureto de chumbo.e obviamente por uns auscultadores que não faziam parte do kit do vendedor.
O que mais nos fascinava era o movimento das lâminas do condensador.
Seria ali que residia o segredo da recepção da BBC ? E durante uma
noite fizeram-se as mais díspares tentativas sem quaisquer
resultados…para todas as posições do cursor e do condensador o
resultado era o mesmo: Emissor Regional…!
Para se poder entender o desaire logo ali se convocou um plenário onde se distinguiu, em veementes discursos ,a malta de Direito que se propôs ir junto do Zé Correia reaver o dinheiro de jure. No dia seguinte, uma luzida embaixada de capa e batina lá foi à rua Antero do Quental ocupando de imediato toda a área do estabelecimento. tendo o Noronha gasto uma meia hora ,citando princípios do direito romano para desclassificar a galena e exigir a devolução dos cem paus.
O Zé Correia pediu a palavra e dixit :
_ Meretíssimos doutores….provem-me lá que levaram a galena a Londres para ouvir a BBC…Vou devolver 50 paus para irem beber uns copos ao Toino Ladrão…!
Perante o inesperado desfecho da situação reuniu logo ali o plenário que encarregou o Noronha de proferir uma inflamada oração de sapiência pela qual foi concedido,ao Correia o título de doutor honoris causa em galenas..
Zé Correia exigiu diploma que lhe foi passado em latim macarrónico .Durante muito tempo foi motivo de atracção na montra do seu estabelecimento.
(CONTINUA)
João Martinho
CT1AP
Naquele Tempo……..
Naquele tempo ,isto é nos anos 48-50,os estudantes em Coimbra andavam num alto desassossego científico. As galenas vendidas pelo Zé Correia,electricista estabelecido na rua Antero do Quental estavam exposta na montra com um significativo cartaz que anunciava : Estas galenas captam a BBC em Londres.
A escuta do emissor regional da Emissora Nacional instalado em Montes
Claros ,um ponto alto da cidade, constituía um escape ao
condicionamento imposto pelo toque da cabra que às l8 horas batia as 6
badaladas do alto da torre da universidade lembrando o cumprimento da
praxe e avisando caloiros, bichos e semiputos que deviam recolher a
casa para se livrarem das troupes
entre as quais ficou célebre a do Calado que sempre que podia rapava os
mais descuidados fazendo na cabeleira um ridículo e largo risco ao meio
que dava um aspecto psicodesintrabinquadrilhado ao apanhado.
Esta imposição que nada tinha a ver com a barbárie que se instalou na maioria das escolas do nosso país era rigorosamente controlada pelo dux veteranorum ,verdade seja dita,um bom substituto do poder paternal que por razões óbvias estava arredado do percurso diário de cada estudante.
A proverbial penúria que então era uma constante na vida académica ( só de vez em quando é que se ia ver uma cowboiada ao cine teatro Sousa Bastos) foi um factor limitativo de extravagâncias e ao mesmo tempo a causa
da
valorização das galenas do Zé Correia visto estas serem uma válvula de
escape para o tédio acumulado na leitura das sebentas ,manuais e
códices.
Daí que arranjar os cem paus para adquirir um aparato desses era ,por si só, um sacrifício que valia a pena fazer…..
Lá foram muitos sujeitar-se aos comentários escarninhos do Correia,largando a massa em troca duma cuidada embalagem e dos judiciosos conselhos técnicos :
-Ó doutor ligue ao borne da antena o colchão de arame da cama e à terra o cano da água…! Não troque as ligações…!
Pois
este vosso criado, constituindo um triunvirato com o Martins de
Carvalho ,estudante dos preparatórios de engenharia e com o Pires das
Neves, aluno da escola industrial Brotero também foi à oficina do Zé Correia tendo os mesmos por acólitos.
Adquirido o aparato lá fomos parar a uma república, onde perante a curiosidade e os dixotes de vários repúblicos procedemos
à montagem da galena. Era esta constituída por uma bobina com cursor,um
condensador variável e um detector de sulfureto de chumbo.e obviamente por uns auscultadores que não faziam parte do kit do vendedor.
O que mais nos fascinava era o movimento das lâminas do condensador.
Seria ali que residia o segredo da recepção da BBC ? E durante uma
noite fizeram-se as mais díspares tentativas sem quaisquer
resultados…para todas as posições do cursor e do condensador o
resultado era o mesmo: Emissor Regional…!
Para se poder entender o desaire logo ali se convocou um plenário onde se distinguiu, em veementes discursos ,a malta de Direito que se propôs ir junto do Zé Correia reaver o dinheiro de jure. No dia seguinte, uma luzida embaixada de capa e batina lá foi à rua Antero do Quental ocupando de imediato toda a área do estabelecimento. tendo o Noronha gasto uma meia hora ,citando princípios do direito romano para desclassificar a galena e exigir a devolução dos cem paus.
O Zé Correia pediu a palavra e dixit :
_ Meretíssimos doutores….provem-me lá que levaram a galena a Londres para ouvir a BBC…Vou devolver 50 paus para irem beber uns copos ao Toino Ladrão…!
Perante o inesperado desfecho da situação reuniu logo ali o plenário que encarregou o Noronha de proferir uma inflamada oração de sapiência pela qual foi concedido,ao Correia o título de doutor honoris causa em galenas..
Zé Correia exigiu diploma que lhe foi passado em latim macarrónico .Durante muito tempo foi motivo de atracção na montra do seu estabelecimento.
(CONTINUA)
João Martinho
CT1AP
Vitor mango- Mensagens : 304
Data de inscrição : 04/06/2008
Re: Galenas ...as radio dos tesos
O GALENA
Não
se esqueça que em todos os pontos de conexão (1 a 7) as extremidades
dos fios de cobre devem ser lixadas antes, para permitir os contatos
elétricos.
As
conexões devem ser fixadas na base de madeira através dos percevejos,
exceto a extremidade livre 4 (cursor), que poderá ser presa ao
enrolamento por um pedaço de fita adesiva
Coloque
o fone no ouvido e percorra lenta e cuidadosamente com o cursor a parte
lixada do enrolamento da bobina, procurando sintonizar uma estação de
onda média local.
O galena surgiu em 1906, quando um coronel do exército norte-americano, H. H. C. Dunwoody, patenteou o detector de cristal. |
Consistia num fragmento de galena (sulfeto de chumbo natural), que se ligava a uma antena por meio de um arame fino (bigode de gato). Todo o som transmitido pelo transmissor e captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através de um par de auriculares. As freqüências emitidas eram selecionados no cristal ou pedra de galena, bastando para isso uma pequena variação na agulha. |
Os primeiros radioescutas do mundo todo, inclusive os brasileiros nas décadas de 20 e 30, conheceram as audições radiofônicas através dos galenas, receptores elementares, na maioria de fabricação caseira. Bem mais tarde, surgiram os alto-falantes que, por sua vez, eram cornetas de som, no mesmo estilo das antigas vitrolas e, posteriormente, embutidos nos receptores. |
Uma quantidade enorme de ondas eletromagnéticas é produzida a lodo instante pelas estações de rádio, em diversas freqüências (entre 100kHz e 300000kHz). São as chamadas ondas de radiofreqüência. Para a faixa conhecida por ondas médias, as estações transmitem em freqüências que vão, aproximadamente, de 500kHz a 1500kHz (como você pode conferir no mostrador de um rádio). |
Essas ondas podem ser captadas por um receptor elétrico simples e reproduzidas por um fone de ouvido, utilizando-se apenas a energia que elas mesmas transportam. |
Assim, não é necessário o uso de energia fornecida pela rede elétrica ou mesmo por pilhas. A partir do início do século XX, foram introduzidos nos receptores de radiofreqüência certos cristais que permitem a passagem de corrente elétrica num sentido, mas a impedem no sentido oposto. Esses cristais são conhecidos como semicondutores. |
Um dos primeiros semicondutores utilizados foi o galena, o minério de chumbo mais abundante na natureza. Galena é a denominação vulgar do sulfeto de chumbo (PbS), que contém 86,6% de chumbo (Pb) e 13,4% de enxofre (S). 0 cristal de galena foi utilizado durante muito tempo devido a sua grande eficiência na detecção das ondas de rádio, sendo inclusive empregado na construção de receptores improvisados durante a Segunda Guerra Mundial, em toda a Europa. |
Mais recentemente, substituiu-se o galena por semicondutores de germânio ou silício. Entretanto, por força do hábito, qualquer receptor pequeno e simples, como o que propomos adiante, continua sendo chamado "rádio-galena", mesmo que o semicondutor utilizado seja outro. A idéia básica é bem simples, e o seu receptor, depois de montado, deverá ficar assim: |
Material necessário: • uma base de madeira de 25cm x 25cm • um canudo de cerca de 15em de comprimento por 3em de diâmetro (pode ser de papelão, de PVC ou outro plástico isolante qualquer) • 45 metros de tio de cobre esmaltado (n- 28 ou 30) • um fone de ouvido simples, desses que acompanham pequenos rádios de pilha (fone de cristal) • dois capacitores de cerâmica: um de 250 pF e outro de 100 pF • um diodo de germânio ou silício • 15 percevejos • fita adesiva • um pedaço de lixa fina |
MONTAGEM Antena (A) Para se construir uma boa antena é recomendável utilizar aproximadamente 20m de fio bem esticado, a uma boa altura do chão (5m pelo menos) e presa a objetos isolantes. Uma das extremidades da antena deve ser lixada e conectada a uma das extremidades da bobina no ponto 1, indicado na figura. Bobina (L) Para se construir a bobina enrola-sé o fio de cobre esmaltado, dando-se cerca de 100 voltas no tubo isolante. As voltas de fio devem ficar bem encostadas umas nas outras, sem superposição. A primeira e a última volta devem ser presas ao tubo com fita adesiva, deixando-se uma sobra de 20cm de fio em cada extremidade. Lixam-se as pontas dessas sobras para tirar o esmalte e permitir os contatos elétricos. Lixa-se também cerca de l cm de largura ao longo de todo o comprimento da bobina. Essa faixa servirá para fazer contato elétrico, variando-se o número de voltas conectadas ao restante do receptor. Terra (T) A ligação com a terra pode ser feita através do encanamento da sua casa (desde que seja metálico) ou através de um pedaço de ferro forcado no chão. Capacitor (C l) O capacitor C l (250 pF) deve ser colocado em paralelo com a bobina. Um dos seus terminais deve ser ligado à terra em 5 e o outro fixo em 3. Do ponto 3 sai um pedaço de fio. A extremidade livre desse fio deve ser encostada na parte lixada do enrolamento(4), podendo percorrê- la de ponta a ponta. Esse fio é chamado cursor. Com isso, pode-se introduzir no circuito um número variável de voltas da bobina. |
Diodo (D) O diodo deve ter um terminal conectado em 3 e o outro em 6. Capacitor (C 2) O capacitor C 2 (100 pF) deve ter um terminal conectado ao diodo, em 6, e o outro à terra, em 7. Fone (F) O fone deve ser conectado em paralelo com o capacitor C 2, em 6 e 7. |
Não
se esqueça que em todos os pontos de conexão (1 a 7) as extremidades
dos fios de cobre devem ser lixadas antes, para permitir os contatos
elétricos.
As
conexões devem ser fixadas na base de madeira através dos percevejos,
exceto a extremidade livre 4 (cursor), que poderá ser presa ao
enrolamento por um pedaço de fita adesiva
Coloque
o fone no ouvido e percorra lenta e cuidadosamente com o cursor a parte
lixada do enrolamento da bobina, procurando sintonizar uma estação de
onda média local.
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Data de inscrição : 04/06/2008
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