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O 'EXPRESSO' E O ACORDO ORTOGRÁFICO

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Mensagem  Vitor mango Sáb Jun 21, 2008 3:40 pm

O 'EXPRESSO' E O ACORDO ORTOGRÁFICO


Vasco Graça Moura
escritor



O 'EXPRESSO' E O ACORDO ORTOGRÁFICO 499216

















O editorial do Expresso
de 1 de Dezembro estranha aquilo a que chama a minha defesa do
proteccionismo como modelo, no tocante ao Acordo Ortográfico. E, face
ao lead que o encima, terei de ver a minha posição displicentemente catalogada nos "nacionalismos balofos".

Se defender a preservação, a valorização e a divulgação da língua
portuguesa como elemento identitário, meio de criação e expressão
cultural ao longo de séculos, instrumento de comunicação quotidiana,
traço de união entre Portugal e o resto do mundo corresponde a ser
proteccionista, devo dizer que tenho a maior honra em sê-lo, tanto no
plano nacional como no internacional.

E se se entende por proteccionismo o propósito de acautelar
legitimamente os não menos legítimos interesses da edição portuguesa
que, pelo seu mérito, qualidade e capacidade de resposta, tem batido a
concorrência dos grandes grupos internacionais nos países africanos,
também faço questão de apoiar as modalidades adequadas de salvaguarda
desses interesses também geostratégicos, chamem-lhe proteccionismo ou
apito. Nem percebo o que é que o Expresso acha de criticável nisso. Temos ou não temos determinados interesses vitais a defender?

"Se Portugal não se preparou, devia tê-lo feito", diz o editorial. O
que é que isto quer dizer? Que se devia ter posto o carro à frente dos
bois e feito uma preparação ruinosa, demorada e inútil quanto a uma
trapalhada que ninguém podia levar a sério nem acreditar viesse a
entrar em vigor?

Saberá o Expresso
que na grafia brasileira se optou por suprimir as consoantes mudas na
esteira de intelectuais empenhados na construção de uma brasilidade
autóctone e distanciada, quando não rejeitadora, de raízes e matrizes
portuguesas? Lembro-me de um texto de Mário de Andrade em que o autor
de Macunaíma anunciava passar a escrever desse modo.

Só posso ver na concepção subjacente ao editorial em apreço um
darwinismo sociocultural mais do que ultrapassado e que pode
traduzir-se assim: temos de sujeitar-nos à lei do mais forte, pois, de
outro modo, "se Portugal não avançasse para um acordo com o Brasil (.),
em breve o português de Portugal não seria mais do que uma bizarria
falada por uns meros 10 milhões de pessoas".

Isto é deveras extraordinário, quando não balofo: há mais de 60 anos
que o Brasil não dá cumprimento ao acordo anterior e há perto de vinte
que se vive sem o acordo de 1990. Em tantas décadas, acaso o português
de Portugal se tornou uma bizarria? É assim que o Expresso vê o estado actual da nossa língua? É assim que encara as nossas relações com os PALOP nesse plano?

Por ironia do destino, o suplemento Actual da
mesma edição de 1.12.07 publica um artigo muito interessante sobre a
língua inglesa no mundo e as suas múltiplas e significativas variantes.
Não consta que haja qualquer veleidade de negociar acordos ortográficos
e também não se afigura que o inglês de Inglaterra esteja em risco de
se transformar numa "bizarria" falada por muito menos milhões de
pessoas do que a totalidade dos falantes de inglês à escala do planeta.
O mesmo se diga do espanhol.

Nem vale nada a invocação dos programas informáticos e do software dos correctores, ou então os computadores de língua inglesa não poderiam operar com termos como action ou exception e coitados dos alemães e dos franceses! O Expresso não entendeu que são as relações da grafia com a etimologia e com a pronúncia, e mais nenhumas, que estão em discussão.

Mas o mais absurdo, e nisso o editorial acompanha as luminárias que
engendraram o Acordo, está em se pensar que cerca de 1,5% de vocábulos
do português de cá e cerca de 0,5% de vocábulos do português lá, desde
que alterados, asseguram a unidade da língua. Nem parece do Expresso
supor uma coisa dessas! É evidente que não contribuem absolutamente
para nada, a não ser para que ela seja desfigurada e para aumentar
exponencial e inutilmente confusões, dificuldades e custos de toda a
espécie, pelo menos do lado português.

Terá o Expresso
o provinciano complexo de inferioridade de pensar que o que acontece no
mundo com o inglês e com o espanhol não pode acontecer com a língua
portuguesa?

Mas pode sossegar: felizmente, não corre o risco de ser publicado em "bizarrês".
Vitor mango
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Mensagem  Vitor mango Sáb Jun 21, 2008 3:43 pm

Detesto este cagante ..tipo tata de biblioteca capaz de mandar retalhar os poemas do Camões em Orações coordenadas com o Sujeito predicado advérbios bem arrumados e retraçados
e no fim ficar do poema que as tripas do mesmo
Perdendo-se a musicalidade do poema
Chato e pedanteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Vitor mango
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