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Crise dos combustíveis

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Mensagem  Admin Ter Jun 03, 2008 1:43 am

Crise dos combustíveis

Estudos Relatórios de peritos mostram o que ainda há pouco parecia ficção científica: o petróleo vai chegar aos 250 dólares em poucos anos
Gasolina e gasóleo a caminho dos 3 euros


Próximas décadas vão ser “turbulentas”
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Pescadores no porto de Peniche, na manhã de ontem FOTO ALBERTO FRIAS

Gasolina a €3 o litro, tumultos sociais generalizados. O cenário está cada vez mais longe de ser ficção científica. E se acha que a situação actual é dramática, então o melhor mesmo é agarrar-se à cadeira.

A bomba de gasolina tornou-se o pesadelo do cidadão. A mangueira que enche o depósito do camião ou da viatura particular é o braço armado do novo choque petrolífero que nasceu em 2001 e veio para ficar. O barril de petróleo quase quadruplicou entre 2001 - preço médio anual de 26 dólares, para todas as variedades - e o final do primeiro quadrimestre deste ano, situando-se acima dos 100 dólares, em média. O risco é termos, na Europa, a gasolina a €3 antes de 2012 e globalmente um período de grande ‘turbulência’ até 2030, como revelou a Shell, num estudo sobre cenários.

É o mais longo período de aumentos sucessivos desde o último choque petrolífero dos anos 1980, como sublinha Noureddine Krichene, especialista do FMI, num relatório divulgado esta semana. Esta persistência revela que a alta não é passageira, ao contrário de situações anteriores. Os analistas prevêem que o preço ainda possa duplicar nos próximos cinco anos. A Goldman Sachs já veio falar da possibilidade do barril chegar aos 150 a 200 dólares nos próximos dois anos.

Na Europa, o aumento dos combustíveis, só nos primeiros quatro meses do ano, já se cifra entre 10 e 16% para a média da União Europeia a 15. Em Portugal, o número de aumentos nestes meses chegou às duas dezenas.

Finalmente, as ilusões com a almofada da divergência cambial entre o dólar (divisa em que se paga o petróleo) e o euro esfumaram-se - de Janeiro de 2007 até agora, o preço em euros do Brent (a referência para os europeus) duplicou.

Alguma oscilação em baixa poderá ser introduzida no preço do barril, se a Reserva Federal americana inverter a sua política monetária e o dólar se valorizar com algum significado, como é, agora, abertamente reclamado por muitas vozes no FMI. Isso poderá significar, no entanto, que, apesar de uma baixa nominal em dólares, os europeus tenham de continuar a sentir uma subida, por efeito da desvalorização, agora, do euro face à divisa americana.

Esta subida consistente do preço do barril de ouro negro tem razões ‘estruturais’. A ‘culpa’ é da expectativa de proximidade de um tecto histórico de produção máxima, a partir do qual se assistirá a uma contracção da oferta. A ideia popularizou-se com a designação de pico do petróleo. Este cenário, que era uma teimosia de um grupo a contracorrente de geólogos reformados, tornou-se, desde o ano passado, em doutrina respeitável.

A mais recente voz autorizada, de “dentro” do mercado da energia, a aderir ao ‘clube’ do pico foi a Shell. O seu relatório recente sobre os cenários para 2050 apresenta 2015 como o ano “em que o crescimento da produção de petróleo e gás facilmente acessível já não satisfará a taxa de crescimento projectada para a procura”, particularmente por força do peso dos emergentes que representarão 1/3 do consumo mundial.


Turbulência até 2030





Seguir-se-á um período de “turbulência” até 2030, altura em que a Shell prevê que o optimismo económico regressará em pleno. No fundo, temos pouco mais de duas décadas como janela de oportunidade para “transições revolucionárias” (nas palavras da Shell).

Contudo, a par do pico do petróleo e do gás, há uma convergência de mais sinais negativos. O Energy Watch Group estima que o pico do carvão ocorrerá por alturas de 2025. Apesar da pressão do lóbi mundial do nuclear, não se espera, no cenário mais optimista, que ultrapasse os 7% (mais um ponto que actualmente) do total de energias primárias em 2050. O conjunto das energias renováveis poderá atingir 30% em meados deste século. Apesar de mais do que quadruplicar em peso no consumo da energia mundial, é ainda insuficiente para ofuscar o peso dos combustíveis fósseis que, ainda, deverão pesar mais de 60% daqui a quarenta e dois anos.

Os especialistas inclinam-se, por isso, para a necessidade de apostar no “nono passageiro” (tendo em conta que os outros oito são petróleo, gás, carvão, nuclear, biomassa, solar, eólica e outras renováveis): a eficiência energética. Que começa por coisas simples que alguns apelidam de “revolução cultural nas bases”: feche as luzes quando não são necessárias, desligue o computador e o televisor depois da utilização, mude para os híbridos nas viaturas particulares, ande de transportes públicos, reduza deslocações, aposte mais no teletrabalho.

É claro que há um conjunto de dores de cabeça que ficam por resolver com estes pequenos passos: os transportes de mercadorias rodoviários e aéreos (estes dependem a 100% do petróleo), a baixa ineficiência energética nos países emergentes e a política de subsídios aos combustíveis fósseis que desincentiva a mudança e a inovação tecnológica.

Aceda ao dossiê sobre o choque petrolífero
Veja Fotogaleria “Barcos em terra”



Jorge Nascimento Rodrigues



Domínio da Galp em xeque

É de 1938 o regulamento que define o acesso por terceiros às instalações de armazenamento, transporte e distribuição de gasolina e gasóleo em Portugal. São infra-estruturas controladas pela Galp, cujo acesso de todos os operadores de forma livre e transparente, aguarda sem explicação desde 2006 - ano em que foi alterada a lei - por um regulamento do Governo. O Ministério da Economia mantém total silêncio sobre as justificações para o atraso da regulamentação que é um instrumento essencial para o aumento da concorrência. Esta é uma questão fundamental na liberalização do sector. E um dos temas que mais polémica tem gerado face à galopante subida dos combustíveis. A Autoridade da Concorrência promete entregar o relatório sobre análise dos preços dos combustíveis na terça-feira e está a analisar a possibilidade de ser retirado à Galp o controlo das infra-estruturas. A.C.C.




80 postos fronteiriços em risco

É difícil manter abertos 80 postos de abastecimento de combustíveis localizados na fronteira. As empresas petrolíferas admitem que nas actuais condições de mercado estes postos não têm viabilidade. Dos 806 pontos de venda da Galp, 62 estão a menos de 25 quilómetros da fronteira. Um dos segmentos de clientes com maior peso na deslocação do consumo para Espanha é o das frotas de camiões de longo curso, cujos abastecimentos variam entre 1000 e 1400 litros por viatura. José Luís Simões, proprietário da maior empresa portuguesa de transporte de mercadorias diz que em 2007 abasteceu 23,72 milhões de litros de gasóleo em Espanha, o que correspondia a 64% do abastecimento total. E recebeu 190 mil euros de reembolsos pagos pelo Estado espanhol. O presidente da ANTRAM considera que alguns associados devem começar a ponderar a deslocação da actividade para Espanha. J.F.P.F.




Frota de Tavira vai para Espanha

Vinte quilómetros até à fronteira deixaram de ser suficientes para impedir que os autocarros do município de Tavira passem a abastecer em Espanha, numa bomba… portuguesa. É que em Ayamonte, com um rótulo exactamente igual, a bomba espanhola da Galp tem preços radicalmente diferentes: 1,083 euros por litro fizeram Macário Correia “perder a cabeça” e poupar mais de 10 mil euros por mês: “Queremos ser bons gestores, queremos defender o interesse dos munícipes e não podemos gastar dinheiro a mais”, afirma ao Expresso o presidente do município. Ao todo, as 180 viaturas da autarquia consomem mensalmente cerca de 30 mil litros de combustível, gasto em grande parte pela frota de veículos pesados (6 autocarros e 15 a 20 de médio porte). Por estimativa, e a manter-se a actual diferença de preços, a Câmara poderá poupar por ano mais de 120 mil euros. Para dar o exemplo, Macário continua a andar de bicicleta. Mário Lino


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