FALTA A fe NO SEXO
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FALTA A fe NO SEXO
Sex & City forever
O Sexo e a Cidade regressa em força, com estreia mundial este fim-de-semana e em Portugal a partir de 5 de Junho, sob o formato de longa-metragem. O thriller é hábil em não desvendar a trama, apenas ficamos a saber que Nova Iorque está igual a si mesma e que se recomenda, que Carrie vai finalmente casar com Mr. Big e que a amizade das quatro mulheres continua de pedra e cal.
Mais do que um retrato do comportamento feminino, mais do que um desfile de moda e uma febre de futilidade, mais do que comédia pura e subtil, mais do que um projecto bem conseguido de entretenimento, O Sexo e a Cidade transformou-se num ícone para várias gerações de mulheres e num puzzle para várias gerações de homens. O público feminino adere em massa, enquanto eles assistem, desconfiados e intrigados, tanto aos episódios, como às alterações comportamentais das mulheres que os rodeiam.
Uma facção mais conservadora rejeita a série e critica-a ferozmente, afirmando que as mulheres que nela figuram são todas umas cabras. A facção próxima desta, ainda radical, abstém-se de juízos de valor quanto ao comportamento das quatro amigas, reduzindo o conteúdo a sinónimo de futilidade e recusa-se a assistir. Uma estreita faixa da população masculina vê e tenta perceber o que tanto fascina as mulheres. Os homens mais novos são os mais permeáveis, bem como os gays, que idolatram a série tanto como as mulheres.
Basta reflectir um pouco sobre a mentalidade dos homens portugueses para perceber porque é que a série tanto os irrita – quatro mulheres à solta numa grande metrópole coleccionam amores e aventuras e, pior do isso, discutem-nas de forma aberta e desbragada quando se reúnem num brunch ou marcam encontro numa sapataria. Todas elas aparentam um elevado grau de independência, embora depois todas se revelem profundamente carentes. São mulheres do nosso tempo, que querem ter tudo e ser tudo; querem respeito e reconhecimento profissional, contas bancárias separadas e liberdade, querem ser bonitas e inteligentes, interessantes e sensuais, boas amantes e um dia, quando o Príncipe Encantado aparecer, boas mulheres. O problema é que tal desejo, ainda muito mais evidente na sociedade americana do que nas sociedades europeias, esbate-se pelo caminho, e os homens nem sequer se apercebem que ele existe.
Enquanto mulher, reconheço que a série ultrapassou em larga escala e em diferentes níveis a função de puro entretenimento. Mostrou às mulheres como eram parecidas, exaltou o valor da amizade entre elas e emprestou-lhe um toque de chique que se perdera desde a era do pós-guerra. Quando se tornou mais popular em Portugal, miúdas e mulheres passaram a cuidar mais do visual, a coleccionar sapatos e carteiras, recuperando a alegria e auto-estima da coquetterie que se tinha perdido entre carreiras profissionais alucinantes e a obsessão de ganhar o respeito dos homens através de uma imagem masculinizada.
As mulheres do mundo agradecem o que viram, o que se riram e o que aprenderam sobre os homens e sobre elas próprias. E se, para os homens, os padrões reflectidos podem representar uma ameaça, para as mulheres, eles funcionam como referências de uma nova sociedade em que elas falam cada vez mais alto.
Publicado por MargaridaRebeloPinto | 7 Comentário(s)
O Sexo e a Cidade regressa em força, com estreia mundial este fim-de-semana e em Portugal a partir de 5 de Junho, sob o formato de longa-metragem. O thriller é hábil em não desvendar a trama, apenas ficamos a saber que Nova Iorque está igual a si mesma e que se recomenda, que Carrie vai finalmente casar com Mr. Big e que a amizade das quatro mulheres continua de pedra e cal.
Mais do que um retrato do comportamento feminino, mais do que um desfile de moda e uma febre de futilidade, mais do que comédia pura e subtil, mais do que um projecto bem conseguido de entretenimento, O Sexo e a Cidade transformou-se num ícone para várias gerações de mulheres e num puzzle para várias gerações de homens. O público feminino adere em massa, enquanto eles assistem, desconfiados e intrigados, tanto aos episódios, como às alterações comportamentais das mulheres que os rodeiam.
Uma facção mais conservadora rejeita a série e critica-a ferozmente, afirmando que as mulheres que nela figuram são todas umas cabras. A facção próxima desta, ainda radical, abstém-se de juízos de valor quanto ao comportamento das quatro amigas, reduzindo o conteúdo a sinónimo de futilidade e recusa-se a assistir. Uma estreita faixa da população masculina vê e tenta perceber o que tanto fascina as mulheres. Os homens mais novos são os mais permeáveis, bem como os gays, que idolatram a série tanto como as mulheres.
Basta reflectir um pouco sobre a mentalidade dos homens portugueses para perceber porque é que a série tanto os irrita – quatro mulheres à solta numa grande metrópole coleccionam amores e aventuras e, pior do isso, discutem-nas de forma aberta e desbragada quando se reúnem num brunch ou marcam encontro numa sapataria. Todas elas aparentam um elevado grau de independência, embora depois todas se revelem profundamente carentes. São mulheres do nosso tempo, que querem ter tudo e ser tudo; querem respeito e reconhecimento profissional, contas bancárias separadas e liberdade, querem ser bonitas e inteligentes, interessantes e sensuais, boas amantes e um dia, quando o Príncipe Encantado aparecer, boas mulheres. O problema é que tal desejo, ainda muito mais evidente na sociedade americana do que nas sociedades europeias, esbate-se pelo caminho, e os homens nem sequer se apercebem que ele existe.
Enquanto mulher, reconheço que a série ultrapassou em larga escala e em diferentes níveis a função de puro entretenimento. Mostrou às mulheres como eram parecidas, exaltou o valor da amizade entre elas e emprestou-lhe um toque de chique que se perdera desde a era do pós-guerra. Quando se tornou mais popular em Portugal, miúdas e mulheres passaram a cuidar mais do visual, a coleccionar sapatos e carteiras, recuperando a alegria e auto-estima da coquetterie que se tinha perdido entre carreiras profissionais alucinantes e a obsessão de ganhar o respeito dos homens através de uma imagem masculinizada.
As mulheres do mundo agradecem o que viram, o que se riram e o que aprenderam sobre os homens e sobre elas próprias. E se, para os homens, os padrões reflectidos podem representar uma ameaça, para as mulheres, eles funcionam como referências de uma nova sociedade em que elas falam cada vez mais alto.
Publicado por MargaridaRebeloPinto | 7 Comentário(s)
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